sábado, 14 de setembro de 2019

1-ISADORA


Dê-me uma esmola de amor
Desses olhos castanhos
Por que dormes
Em abandono 

Daquele que te amou
Tendo o peito 
Envolto em chamas 
E que teme teu desamor?

Dê-me 
Por favor
Dessa boca tão macia
Um beijo

De encontro 
À minha
E verás 
O que é fervor

Juro, construirei
Com todo carinho
Nosso aquecedor ninho
No caminho do esplendor

Que a alegria apadrinhe 
Nosso futuro casamento
E que não exista entre nós 
A dor da separação

Se o sofrimento 
Nos perseguir,
Procurarei sorrir 
Embora não consiga

Evitarei 
Que nos siga 
Algum malefício 
Assim

Morena, olhe para mim!
Não vá
Meu bem
Espere!

Dê-me a chance
Da declaração...
Se em ti não
Vingar emoção

Que te vás
E me esqueças
Antes que te aborreças 
Com minha canção

Assim cantei
E ela desapareceu
Nem sequer um doce olhar
Para mim desabrochou

Dois anos depois
Foi quando avistei a bela
Semeando amor por ela
Mas, era mulher de Heitor

De que adiantou
Eu saber do triste fato
Se meu coração, ingrato
Em lágrimas cristalizou?

Não havia uma vez
Em que ela passasse
Sem arrancar-me suspiros
E disso, seu marido um dia se zangou

Desafiando-me
A um duelo
Em um lugar singelo
E logo arma sacou

Eu, que não tinha arma lhe disse:
_Meu amigo, amo sua mulher,
Mas, por sua vez, ela nem para mim olha.
Disputar-lhe? De que me valeria tal glória?

_Pois deixe de a olhar _Disse_
Ou se haverá comigo
Seu safado
Metido a conquistador!

Respondi: _Tentei a conquistar
Sem saber que era casada
Mas, meu camarada
Em meus olhos vagabundo nenhum mandou

E você não será o primeiro
Pois sou violeiro
A quem, até hoje
Ninguém domou

Tenho nome
A quem interessar, é Amadeu
No seu lugar
Não me meteria com um homem feito eu!

Foi nessa hora que ele atirou
Eu, sabendo capoeira
De enfrentá-lo caí na besteira
Porém, ele sabia judô

Na luta, violenta,
Não se sabe, de nós
Quem mais sangrou
Depois veio a polícia

Batendo-nos, sem temor
Teve fardado que apanhou
Mas, nenhum quanto nós dois
Entramos em coma

E sabe quem de nós cuidou?
Isadora
A bela dos olhos castanhos
A causa daquela dor

Ateu Poeta

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